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O jogo começa e termina dentro de campo
Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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O jogo começa e termina dentro de campo

Coluna da Beatriz Maineti

Opinião de Beatriz Maineti

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O jogo começa e termina dentro de campo

Yuri Alberto ainda não marcou gols em 2023

Foto: Danilo Fernandes / Meu Timão

Yuri Alberto tem uma namorada. Esta é a informação principal deste texto. Gostaria de começar dizendo que o camisa 9, que terminou 2022 como vice-artilheiro do Corinthians mesmo tendo chegado ao time em agosto, tem um gol e quatro assistências em 2023, tendo participado diretamente de cinco dos 14 tentos do Timão na temporada. Mas, infelizmente, isso não gera engajamento

Eu queria - e como queria - falar do futebol dele. Mas a verdadeira pauta envolvendo Yuri Alberto é sua nova namorada. O motivo? Há quem diga que o relacionamento do jogador está “sugando” suas energias e causando sua escassez de gols em 2023. É justo, porém, dizer que isso começou como uma brincadeira; um ou outro post feito no Twitter para arrancar um sorriso amarelo dos torcedores. Mas, como toda a brincadeira que surge dessa forma, ela tomou proporções absurdas.

O nome da mulher em questão não será citado neste texto em momento nenhum. Sim, todos nós sabemos quem ela é, até porque o próprio jogador se mostra feliz ao lado dela nas suas redes sociais. Eu, neste momento, entendo que expô-la significa unicamente dar mais pano para a manga de quem quer correr atrás da garota por motivos escusos.

Vamos aos fatos: Yuri e sua namorada começaram a sofrer com o assédio de parte ínfima, mas muito barulhenta, da torcida do Corinthians. Aquela parte que se julga no direito de interferir na vida pessoal dos jogadores, invadir sua privacidade e cobrar aquilo que eles entendem como sendo melhor para o time de forma pessoal. Se essa história te remete ao início de 2022, você não poderia estar mais certo. Os incidentes que levaram à enxurrada de ameaças aos jogadores nas redes sociais começaram exatamente assim: com uma brincadeira que parecia inocente.

O assédio aumentou, principalmente após a partida contra o Mirassol, onde o Corinthians ganhou por 3 a 0 com uma assistência de Yuri, mas sem gols do camisa 9. As redes dela e dele foram tomadas por comentários como: “termine já este namoro”, “ela não te faz bem”, “ela está sugando seu faro de gol” e até “a sua ‘loira’ é o Guedes”. O cheiro de misóginia e até de homofobia nas brincadeiras era forte. Mas para que isso escalasse para ofensas e até ameaças veladas bastava um estalar de dedos. E adivinhe só?

A nova namorada de Yuri Alberto restringiu as atividades em algumas de suas redes sociais e até excluiu sua conta em outras. O jogador ainda não se manifestou, mas não é preciso ter bola de cristal para entender que isso não deve ter caído bem nos seus ouvidos. Um jogador novo, de 21 anos, que fez o que estava ao seu alcance para permanecer no Corinthians durante as negociações com o Zenit, seu antigo clube, e que já declarou abertamente sua admiração pela torcida.

Essa história é tão absurda que fica até difícil enumerar os motivos que a tornam bizarra. Mas, primeiro, é preciso citar o mais óbvio deles: Yuri é jogador do Corinthians; sua namorada, familiares e amigos, não. Sua família e pessoas próximas a ele nunca, jamais, em hipótese alguma, podem ser envolvidas em qualquer tipo de cobrança referente ao que acontece dentro de campo.

É preciso frisar, também: o desempenho futebolístico de Yuri Alberto em 2023 não é ruim. Não é, não foi e não deve ser. O que lhe faltam são gols e, para isso, podemos sentar por horas e discutir esquema tático, movimentação, trabalho de bola e eficiência. Isso é futebol e isso pode ser papo para a mesa de bar, para as redes sociais e para os nossos programas. Não só pode como é, e isso cria um debate saudável.

Sua vida pessoal pouco ou nada nos interessa. E não deve interessar! Yuri é um homem de 21 anos, maior de idade e vacinado, que faz as suas próprias escolhas. Mais do que isso, é um profissional responsável que, assim como todos os outros jogadores do elenco, tem no futebol o seu ganha pão e, por isso, dedica-se à prática do esporte. Ponto final. Sua vida pessoal não vai virar grito de guerra da Gaviões.

No âmbito social, este tipo de insinuação, brincadeira e ofensa tem nome: machismo. Associar o “fracasso” de um homem na sua vida profissional ao relacionamento amoroso que ele tem com uma mulher busca demonizá-la e vitimizá-lo. Percebem? O problema não está no jogador, está na mulher que “suga suas energias”, que “o distrai” e que “não faz bem para ele”. O machismo que cobre o futebol leva a torcida a culpar a mulher do jogador que, ouso dizer, jamais colocou chuteiras, vestiu a camisa 9 e entrou na Neo Química Arena lotada com a difícil missão de fazer gol no maior rival.

Como qualquer outro jogador de futebol, Yuri é passível de críticas. Quando ele se dispõe em fila para cantar o hino nacional diante de mais de 40 mil torcedores corinthianos dentro do estádio, ele sabe que precisa dar o seu melhor. Empenho a ele nunca faltou! Falta balançar as redes.

Sua deslizada faz falta para o imaginário da Fiel e eu entendo. Faz falta para mim, também. O estilo de jogo do Yuri Alberto em muito me agrada, mas talvez lhe falte o egoísmo para ser goleador que, de vez em quando, sobra no seu companheiro de ataque. Mas entendam: isso é o futebol. Isso é uma discussão esportiva. O mesmo não pode, porém, ser dito sobre a sua namorada. Ela não joga futebol. Muito pelo contrário: é uma pessoa normal, que vive sua vida normal, longe dos holofotes e que, provavelmente, não esperava viver este peso ao se envolver com um jogador.

Pessoa pública ou não, judicialmente, todos têm direito a uma vida privada. Cabe à torcida aprender a respeitar um dos direitos mais básicos do ser humano, previsto na Constituição Federal Brasileira. As famílias dos jogadores não podem ser objeto de cobrança e nem alvo dos torcedores em momento algum.

Um jogo de futebol começa a termina dentro de campo. A partir do apito final, quando os jogadores vão para os vestiários, suas vidas devem deixar de ser de interesse público. Mas é. Não à toa que a esmagadora maioria dos jogadores do Corinthians trancou os comentários em suas redes sociais e pouco ou nada interagem com os seus seguidores por ali.

Estes jogadores devem nos representar. Esta parte barulhenta da torcida, porém, não me representa e nem jamais representará. Os atletas vão se afastando do público quando essas coisas acontecem e, convenhamos, isso não faz bem para ninguém. Se a Fiel é o elemento de força do Corinthians, que ela sirva também de impulso para quem veste o manto; não de âncora. Que haja paz!

Veja mais em: Yuri Alberto e Torcida do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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    @pilao em

    É sério que tem gente perdendo tempo com isso?

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    Thiago 7449 comentários

    @thiago.romero1 em

    Não consigo entender a relevância que dão pra tudo que ocorre nas redes sociais. A única rede social que estou é o Meu Timão.

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    FURBO TU!

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    134º. @joao-carlos-meirelle em
    Ontem, na zona mista, me chamou a atenção o fato de ele ter feito um agradecimento à sua equipe, gizando entre outros profissionais, sua psicóloga. Quem faz psicanálise é gente que sabe o quanto é importante cuidar da cabeça. Todo mundo deveria fazer como ele. Ele também falou que sua filha era a alegria que o fazia esquecer das humilhações pelas quais passou. Ao falar do nano, ele revelou uma tristeza, mas disse que já havia superado.
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    Muito bla bla bla para defender um jogador que ganha muito bem e não consegue realizar o que recebe para o clube. Necessita de mais treinamento e utilizar menos as canelas!

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    Yuri necessita treinar as paradas de bola, e parar de dar caneleira na pelota
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    Carlos 2388 comentários

    131º. @carlos.t.stoduto1 em

    ... CONTRIBUINDO COM FÉ...
    por (Carlos Stoduto)

    - Eu tenho pena de mim...
    - Sou outro sofredor corinthiano...
    - 80 anos para ganhar o primeiro brasileiro, 50 anos contribuindo com fé...
    - 90 anos para ganhar o primeiro mundial e 11 pelo bi, contribuindo com fé...
    - 28 da Copa do Brasil...
    - 23 anos sofrendo junto por outro paulista...
    - Tantos números e não temos 11 em campo...
    - Eu tenho dó de mim...
    - Sofrendo e chorando tantos anos mais pelo Corinthians do que pelas exs...
    - E agora nosso clube tantos anos construindo a duras penas um legado...
    - Vendo ser destruído destes anos num só instante...
    - Foi tão glorioso construir uma família de filhos e netos corinthianíssimos...
    - Mas é tão difícil ver nosso TIMÃO com um milionário timinho...
    - Mas sigo contribuindo com fé...